Ontem li a entrevista com André Deak, no blog Newsgames da Super Interessante sobre a crise do jornalismo e as novas formas de sobrevivência da práxis profissional. Essa foi a primeira vez que me deparei com a expressão pós-jornalista. A definição do termo deixo com o próprio entrevistado:
Que a definição tradicional de jornalista não me representa, mas jornalismo foi minha formação, então é difícil pensar fora da esfera da informação a serviço do interesse público. […] Jornalistas que trabalham com bases de dados, ou que são “repórteres-multimídia”, ou que são empreendedores. Mas também os que trabalham com redes sociais ou que programam, ou ainda pensam e fazem newsgames.
A partir dessa concepção, o argumento é de que não existe mais habitat para a sobrevivência do jornalismo no modelo em que nós conhecemos.
Nada disso me incomoda: crise de paradigmas, reinvenção, fim de modelos, obsolescência de técnicas e tecnologias… O que me deixa incomodado é a própria expressão “pós-jornalista”. Ela, me parece, carregar o fim da profissão jornalística e, pior, da função de jornalista. Não consigo consigo ver tantas diferenças em um profissional da redação para o perfil apresentado acima. O pós-jornalista não deixa de carregar os valores de veracidade, clareza textual, credibilidade, e, como o próprio Deak afirmou, “informação a serviço do interesse público”. Acredito que expressão poderia ser melhor traduzida como jornalista-pós-modelo-industrial, ou jornalismo-pós-industrial.
Com essa pequena reflexão quero inaugurar uma série de posts que analisem o caminhar (no escuro) traçado pelo jornalismo. E, quem sabe, junto com vocês leitores clarear um pouco mais esse cenário e enxergar um pouco além. Por isso, peço o comentário de vocês para começarmos este diálogo; A partir daqui quero falar de Mídia Ninja, Jornalismo Cidadão, Redes Sociais, Web 3.0, Hackeabilidade.
O JORNALISMO NÃO VAI ACABAR! O que pode acabar são as empresas jornalísticas.
Andaram Falando